quinta-feira, 21 de junho de 2012

"Antônio" na mídia - entrevista com o escritor Hugo Monteiro Ferreira

Ilustrei "Antônio", escrito por Hugo Monteiro Ferreira, publicado pela Escrita Fina e lançado ao mundo em abril desse ano. E Antônio me fez pensar muito... Ao ler o texto antes de fazer o trabalho de ilustração me envolvi muito com a história. Me emocionei, chorei e me alegrei com Antônio. E aqui segue um trecho de uma entrevista muito pertinente de Hugo falando para Childhood.

O tema da infância sempre esteve presente na vida do professor universitário e escritor Hugo Monteiro Ferreira. Seu trabalho, muitas vezes como voluntário, tem sido despertar o prazer pelos livros nas crianças, em orfanatos, organizações sociais , instituições de saúde e escolas. Suas pesquisas de mestrado e doutorado são sobre a formação do leitor com crianças do ensino fundamental. Ao disseminar a leitura nas comunidades mais vulneráveis de Pernambuco, ele conviveu com casos de violência doméstica. Hugo conta, em entrevista para a Childhood Brasil, porque resolveu escrever o livro “Antônio” (Editora Escrita Fina – ilustrações de Camila Carrossine) para ajudar as crianças a ter coragem de denunciar o abuso sexual por meio de personagens de contos infantis.
O que o inspirou a escrever uma história infantil falando sobre abuso sexual contra crianças?
Eu sempre desejei ajudar as crianças vítimas de abuso, porque percebia que elas tinham muita dificuldade para falar. Além do medo, vem a opressão, a culpa e uma sensação muito grande de estarem desprotegidas. O abusador atribui à criança uma culpa que ela não tem. Queria fazer com que elas se sentissem mais fortes para poder pedir socorro. O livro Antônio é como um grito. Eu não passei por um abuso, mas procurei me colocar na posição de um garotinho que passa por isso, porque machuca muito.
O menino Antônio gostava muito de jogo da memória, mas não queria lembrar mais do que acontecia entre ele e a Mão [no livro, “a Mão”, representa o abusador]. Ele foi inspirado em alguém?
Na verdade, ele se chama Fábio e o conheci em um orfanato de Olinda, onde trabalhei. Toda segunda-feira, ele dormia muito na escola, porque era abusado sexualmente por um vizinho nos finais de semana, quando voltava para a casa da família. A avó sabia, mas fazia de conta que desconhecia a violência, porque recebia dinheiro do abusador para ficar calada. Ele tinha dez anos, mas viveu isso por dois anos.
Para ver a entrevista completa, clique aqui.

Beijo-flor com alegria e cor!

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