sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Grite!


Acabei de ilustrar recentemente o livro que achei  mais difícil de todos que ilustrei até hoje. Difícil não porque não tinha um texto bom ou porque tive dificuldade técnica em algum sentido, difícil, realmente difícil, pelo tema abordado – pedofilia.

O livro se chama “Antônio” , estrito por Hugo Monteiro Ferreira e será publicado pela Escrita Fina. E será um dos lançamentos que farei na FNLIJ em abril desse ano.

Considero uma atitude muito corajosa e necessária da nossa querida editora Laura van Boekel em decidir publicar esse livro, em decidir falar.

As crianças não podem ter medo de falar, de espernear, de gritar.

E os adultos também não.

***

Quando ilustro um livro, mergulho de cabeça na história. Tento apreender o conceito para contar minha versão da história através das imagens, juntamente com o escritor que o faz através das palavras.

Então pesquiso, imagino, procuro referências, chego a sonhar de noite... e por isso me envolvi com “Antônio”.

E pensei em todas as coisas que temos medo de falar, ou temos vergonha, ou ambos.

Então cheguei a uma conclusão: NINGUÉM TEM O DIREITO DE NOS MACHUCAR!

Alguém não te atendeu bem em uma loja – informe a gerência.

Um médico te consultou em cinco minutos e nem olhou na sua cara – diga isso pra ele e decore bem o nome para poder reclamar e nunca mais voltar.

Alguém feriu seus sentimentos – chore um pouco e depois diga que essa pessoa não tem esse direito!

Te fizeram qualquer mal – Grite!

E é nesse sentido que gostaria de levantar uma bandeira.

E digo isso pela pessoa que sou, mais quieta, tentando sempre evitar conflitos. Ou com vergonha boba de alguma coisa.

Conflitos às vezes são necessários. Ficar quietinho nem sempre ajuda. Falar é necessário.

Gritar é necessário.


3 comentários:

Dalva Carrossine disse...

Ainda não conheço o Livro, mas seu texto aqui, foi muito bem abordado, muitas vezes, não podemos "calar", em outras vezes, temos usar de sabedoria p/ a hora certa,só q. em outras vezes, temos q. "GRITAR" mesmo. Parabens.

Anônimo disse...

Muito pertinente o seu texto, Camila. E o tema é certamente difícil, mas instigante. Tratar dele é mais do que necessário.

Fiquei curiosa para ver o livro, e também para saber a qual faixa etária se destina.

Lindas as ilustrações, são do livro?

Bjs,

Andréa

Camila Carrossine disse...

Oi Andréa, eu sempre fico na dúvida quanto a faixa etária dos livros infantis, talvez por ainda não ter filhos, ou por achar que todos são adequados pra mim, que sou adulta. Mas a Laura, editora do livro, disse que é para a faixa dos 9 anos.
E as ilustrações são dele sim, só pra dar um gostinho.

Beijos e obrigada pela visita.
Camila