Acabei de
ilustrar recentemente o livro que achei
mais difícil de todos que ilustrei até hoje. Difícil não porque não
tinha um texto bom ou porque tive dificuldade técnica em algum sentido,
difícil, realmente difícil, pelo tema abordado – pedofilia.
O livro se
chama “Antônio” , estrito por Hugo Monteiro Ferreira e será publicado pela
Escrita Fina. E será um dos lançamentos que farei na FNLIJ em abril desse ano.
Considero
uma atitude muito corajosa e necessária da nossa querida editora Laura van Boekel
em decidir publicar esse livro, em decidir falar.
As crianças
não podem ter medo de falar, de espernear, de gritar.
E os
adultos também não.
***
Quando
ilustro um livro, mergulho de cabeça na história. Tento apreender o conceito
para contar minha versão da história através das imagens, juntamente com o
escritor que o faz através das palavras.
Então
pesquiso, imagino, procuro referências, chego a sonhar de noite... e por isso
me envolvi com “Antônio”.
E pensei em
todas as coisas que temos medo de falar, ou temos vergonha, ou ambos.
Então
cheguei a uma conclusão: NINGUÉM TEM O DIREITO DE NOS MACHUCAR!
Alguém não
te atendeu bem em uma loja – informe a gerência.
Um médico
te consultou em cinco minutos e nem olhou na sua cara – diga isso pra ele e
decore bem o nome para poder reclamar e nunca mais voltar.
Alguém
feriu seus sentimentos – chore um pouco e depois diga que essa pessoa não tem
esse direito!
Te fizeram
qualquer mal – Grite!
E é nesse
sentido que gostaria de levantar uma bandeira.
E digo isso
pela pessoa que sou, mais quieta, tentando sempre evitar conflitos. Ou com
vergonha boba de alguma coisa.
Conflitos
às vezes são necessários. Ficar quietinho nem sempre ajuda. Falar é necessário.
Gritar é
necessário.
3 comentários:
Ainda não conheço o Livro, mas seu texto aqui, foi muito bem abordado, muitas vezes, não podemos "calar", em outras vezes, temos usar de sabedoria p/ a hora certa,só q. em outras vezes, temos q. "GRITAR" mesmo. Parabens.
Muito pertinente o seu texto, Camila. E o tema é certamente difícil, mas instigante. Tratar dele é mais do que necessário.
Fiquei curiosa para ver o livro, e também para saber a qual faixa etária se destina.
Lindas as ilustrações, são do livro?
Bjs,
Andréa
Oi Andréa, eu sempre fico na dúvida quanto a faixa etária dos livros infantis, talvez por ainda não ter filhos, ou por achar que todos são adequados pra mim, que sou adulta. Mas a Laura, editora do livro, disse que é para a faixa dos 9 anos.
E as ilustrações são dele sim, só pra dar um gostinho.
Beijos e obrigada pela visita.
Camila
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